1. Transferência precoce

Diminuir a transferência precoce de adolescentes e jovens do ensino regular para a Educação de Jovens e Adultos (EJA).

A Educação de Jovens e Adultos no Jardim Canadá e região é hoje utilizado predominantemente como recurso alternativo para que adolescentes e jovens (entre 15 e 21 anos) possam dar continuidade ao seu aprendizado, para concluir o Ensino Fundamental e o Ensino Médio. A maioria (66,47%) dos alunos matriculados na EJA tem entre 15 e 21 anos (115 alunos), 22,54% têm entre 22 e 30 anos (39 alunos) e apenas 10,99% têm 31 anos ou mais (19 alunos).

Este perfil de jovem adulto (entre 15 e 30 anos) mostra que a EJA no Jardim Canadá e região, seguindo uma tendência nacional, se tornou uma alternativa para adolescentes e jovens que foram excluídos do ensino regular em razão de reprovações e abandonos. Eles estão utilizando a EJA como forma de concluir os seus estudos de forma mais fácil e rápida. Evidentemente, isso tem impactos negativos na qualidade da formação desses alunos, que deveriam preferencialmente ter sido acolhidos e permanecido no ensino regular.  Os adultos acima de 30 anos, que teriam na EJA a oportunidade de retornar à escola para adquirir uma base mínima de formação, representam somente 10,99% da população de alunos em 2024.

Este fato precisa ser reconhecido para que a rede de educação desenvolva ações específicas de apoio aos adolescentes e jovens de 15 a 21 anos no ensino regular, evitando sua exclusão e consequente migração precoce para a EJA. Ao mesmo tempo, para rever e atualizar as metodologias pedagógicas para atender com qualidade o público de jovens adultos (22 a 30 anos), já que a conclusão do ensino médio tem impacto direto nas oportunidades de trabalho e mobilidade social.

Matrículas de Educação de Jovens e Adultos (EJA) por idade

2. Identificação e atendimento da demanda

Identificar jovens e adultos com escolaridade incompleta no Jardim Canadá e região, estimulando a matrícula e frequência na Educação de Jovens e Adultos (EJA).

Mesmo sem dispor ainda de números exatos, é possível afirmar que a demanda potencial para a Educação de Jovens e Adultos é bem superior ao número de matrículas existentes no Jardim Canadá e região. É recomendável implantar mecanismos de busca ativa desses casos, principalmente entre as pessoas em situação de pobreza e extrema pobreza, e fornecer o apoio necessário para que se matriculem e frequentem a EJA. Esta seria uma ação de grande importância para o desenvolvimento social local. Isso poderia ser feita em parceria entre Educação e Assistência Social, utilizando os registros do Cadastro Único (CadÚnico).

A quantidade de jovens e adultos fora da escola com o ensino fundamental ou médio incompletos poderá ser estimada com grande precisão quando o IBGE divulgar os dados da Amostra do Censo 2022. Para a população de baixa renda, o CadÚnico permite fazer isso imediatamente, inclusive identificando cada caso existente. Podemos estimar que no Jardim Canadá e região residam cerca de mil pessoas de 25 a 59 anos com ensino fundamental ou médio incompletos, beneficiários do Programa Bolsa Família (PBF) e, portanto, cadastrados no CadÚnico. Esse grupo é público alvo da EJA. Adotamos o recorte a partir de 25 anos porque o sistema de dados do Bolsa Família tem faixas etárias predefinidas. O ideal seria o recorte de 21 a 59 anos, que não é possível consultar nesse sistema.

Essa estimativa se fez pela projeção da média de Nova Lima. Na cidade toda, há 2.835 beneficiários do Bolsa Família, entre 25 e 59 anos, com ensino fundamental ou médio incompletos. Isso corresponde a 24,56% do total de beneficiários (11.545, pelos dados de agosto de 2024). Aplicando o mesmo percentual aos 4.195 beneficiários do Bolsa Família no Jardim Canadá e região, chega-se à estimativa de cerca de mil pessoas (1.030).

Cálculo do público da EJA entre beneficiários do PBF em Nova Lima

Cálculo do percentual do público da EJA entre todos os beneficiários do PBF em Nova Lima

Estimativa do público da EJA no Jardim Canadá e região

3. Metodologia e capacitação

Aprimorar as metodologias de ensino e a capacitação dos professores da Educação de Jovens e Adultos (EJA).

As metodologias e técnicas pedagógicas para a Educação de Jovens e Adultos devem levar em conta a especificidade desse público. “Adultos aprendem de modo diferente, visto que já são independentes, desenvolvem diversos papéis sociais, com experiências e responsabilidades no trabalho, na esfera familiar e na vida social, por isso é preciso desenvolver estratégias diferenciadas e significativas que deem sentido à aprendizagem” (cf. EFAPE – Escola de Formação de Profissionais da Educação Paulo Renato Costa Souza).

A necessidade de reformulação pedagógica da EJA foi levantada por educadores durante a pesquisa de campo que realizamos. Essa reformulação implica abandonar o modelo tradicional expositivo em sala de aula para adotar as chamadas metodologias ativas, entre outras:

• – Aprendizagem baseada em projetos e resolução de problemas, que coloquem os estudantes em ação.
• – Atividades práticas e discussões
• – Atuação do professor como mediador das atividades propostas
• – Modelos híbridos com aulas presenciais e à distância

A modificação metodológica e a capacitação dos professores para atuar de uma nova maneira podem tornar a EJA mais atrativa para o público adulto, além de diminuir a grande quantidade de faltas e abandono dos estudantes.